quinta-feira, 26 de abril de 2012

VIDA NO CAMPO

_________________________Vida no Campo_______________________________

      Eu nasci em 1945 e desde então moro no Belém. Antigamente a lagoa era muito cheia e algumas pessoas que iam caçar passavam por lá para tomar banho. Tinha poucas casas, muitas delas eram de taipa.

      A minha família vestia roupas de tecidos feitos de algodão. O algodão era plantado, colhido, descaroçado, fiado no fuso e tecido no tear, uma máquina de madeira que de forma artesanal, usando os pés e as mãos, se construíam os tecidos. A minha primeira calça comprida foi feita pela minha irmã. Os calçados que eu usava era tamancos de pau feitos pelo meu pai. Depois veio as apragatas – chinelos feito do couro do boi. Hoje as roupas são feitas em máquinas de costuras e os sapatos comprados nas lojas.

      A escola era nas casas de família. Quando eu estudava com a Dona Antônia ela ia pegar água na casa do seu Sebastião Sé. Lá ficava conversando. Quando os alunos sentiam sua falta que iam chamá-la muitas vezes a encontravam sentada no pilão de café, com o pote d'água encostado.

      Naquele tempo, a professora pedia para os alunos ler individualmente. Aquele que não soubesse levavam palmatória. Eu, graças a Deus, nunca levei palmatória . Eu estudava a lição em casa e sempre tirava notas boas. Eu pensava que a escola não ia acabar, mas quando terminei a terceira série foi o jeito. Pois meus pais eram pobres e não tinham condições de comprar roupas e pagar meus estudos. Já hoje as escolas são públicas, os transportes são de graça e as professoras ensinam os alunos na hora que lhe são adequadas e não existe castigo como antigamente. Tudo é diferente. Muitas coisas mudaram: água encanada nas casas – quase já não se usa mais as cacimbas. A maioria das casas são de tijolos. Tem transportes e estradas de pedras e muitas plantas nativas foram substituídas por cajueiros ou coqueiros. Todas as casas tem energia elétrica, sem falar que trouxe muitos objetos para ajudar e melhorar a vida das pessoas.

      Moro numa comunidade que com tantas mudanças ainda é tranquila.



ESCRITO POR
(09 ANOS;
4ª SÉRIE)
DEPOIMENTO DE
AGRICULTOR; 60 ANOS
BELÉM 18/08/2006

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